Um grupo de gaijas que partilha as suas aventuras, desventuras, traumas, alegrias, sonhos, depressões, desejos, angustias, receitas, ideias, conhecimentos, desabafos, enfim, basicamente o que nos apetecer!! Gaija 01 Gaija 02 Gaija 03 Gaija 04 Gaija 05 GAija 06 Gaija 08 Gaija 09

Eterno madrugar

Disparam as notícias matinais. Viro-me, levanto uma pálpebra e, meio às apalpadelas, silencío o rádio por mais uns momentos. Decorridos dez minutos e com uma pancada nos botões do aparelho, adio novamente o despertar. Gesto que repito mecanicamente mais duas ou três vezes. Todas as manhas são iguais. Quando finalmente ponho os dois pés no chão, arrasto-me pelos preparativos matinais até sair de casa. Depois, chave na porta, elevador, caminho até à estação.
O olhar passeia-se pelo emaranhado de letras do jornal que se esforçam por posicionar-se numa sequência lógica e fazer algum sentido. O que dizem não interessa, invariavelmente uma chicotada futebolística, uma gincana política, uma maratona financeira a suportar por todos nós. Olho pela janela e procuro, no embalo do comboio, o Bugio no meio do azul. Está lá. Como todos os dias, está lá a desejar-nos bons dias, na força segura e estável, guardião do Tejo.
À saída do metro, o vento matinal atinge-me a cara e abro enfim os dois olhos.
Tento acordar para mais um dia igual. Penso, o que o diferenciará do ontem ou do amanhã e não identifico nada. Mais do mesmo. Opto por continuar em “modo automático” e desligo definitivamente os sentidos. Até ao fim do dia. Objectivo: percurso inverso até casa e finalmente acordar no mar com o Bugio.
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3 comentários:

lost disse...

Assobia o tlm. 08h00. Desligo. Mais 5 minutos. O Boris começa com a dar-me com a patinha na cara, a tentar acordar-me. Assobia. Mais 5 minutos. O Boris sobe para cima do armário, atirando tudo para chão, na tentativa de me chamar a atenção. Assobia. Mais 5 minutos. Digo ao Boris para parar. Ele olha-me na esperança de me ver levantar….Mas custa tanto… Sempre me custou o levantar. Mas cada vez mais… Sensação de não querer sair da protecção dos lençóis. De começar um novo dia, igual a tantos outros….

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BDGBDB disse...

Que vida é esta tão mecanica que se leva? Como se fossemos meros robots comandados por algo superior....que nos impede de sentir...o cheiro do doce amanhecer...o sabor das coisas boas da vida. Esperando sempre que o amanhã nos traga algo que nos faça felizes. Que estranha forma é esta de vida? porque não saborear cada momento como se fosse unico e cheio de valor?
Continuamos à procura de uma felicidade que é utópica...sim porque esta não existe na sua plenitude...o que existe são momentos de felicidade e esses...nós deixamos-os passar pela nossa vida como se fossem apenas momentos mecanizados pelo impulso do nosso agir...são eles que dão o sentido à vida e são eles que nós não aproveitamos...porque procuramos...esperamos e ansiamos algo que não existe- A Felicidade Plena

BDGBDB disse...

Uuiii, isto dava um congresso inteirinho!
A "Felicidade Plena" (se existir) só se alcança pontualmente e efemeramente. Senão era a banalização e a sua destruição. Só existe enquanto estiverem presentes todos os outros estados de espírito – os bons, os assim-assim, os menos bons. É o somatório e o devir de todos estes e outros tantos q nos fazem “correr”
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